segunda-feira, 27 de maio de 2013

Poema do mestre brasileiro.

As Rosas

Rosas que desabrochais,
Como os primeiros amores,
Aos suaves resplendores
Matinais;
Em vão ostentais, em vão,
A vossa graça suprema;
De pouco vale; é o diadema
Da ilusão.
Em vão encheis de aroma o
ar da tarde;
Em vão abris o seio úmido
e fresco
Do sol nascente aos beijos
amorosos;
Em vão ornais a fronte à
meiga virgem;
Em vão, como penhor de
puro afeto,
Como um elo das
almas,
Passais do seio amante ao
seio amante;
Lá bate a hora
infausta
Em que é força morrer; as
folhas lindas
Perdem o viço da manhã
primeira,
          As graças e o
perfume.
Rosas que sois então? –
Restos perdidos,
Folhas mortas que o tempo
esquece, e espalha
Brisa do inverno ou mão
indiferente.
          Tal é o vosso destino,
Ó filhas da natureza;
Em que vos pese à
beleza,
                   Pereceis;
          Mas, não... Se a mão
de um poeta
Vos cultiva agora, ó
rosas,
          Mais vivas, mais
jubilosas,
                   Floresceis.

Machado de Assis,

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